EUTANÁSIA
História
O termo eutanásia, criado por FRANCIS BACON no século XVIII, provém de duas
palavras gregas – eu (bom) e thanatos (morte) significando
literalmente morte boa. Segundo este autor é
função do médico dar a saúde e aliviar os sofrimentos e dores não só quando
este alívio pode levar à cura mas também
para dar uma morte calma e fácil.
Esta ideia já existia na Antiguidade. Já Platão dizia: Quanto aos cidadãos que não são sãos de corpo ou de espírito, deixa-los-ás
morrer no interesse colectivo da cidade.
ARISTÓTELES, PITÁGORAS e EPICURO manifestaram pontos de vista diferentes.
Nalgumas
cidades da Antiga Grécia, o suicídio era permitido e os magistrados guardavam
veneno pada o dar a quem desejasse morrer. Talvez como uma manifestação contra
a estes hábitos HIPÓCRATES no seu Juramento consignou que não darás nenhuma droga letal.
Para os romanos, o suicídio era aceitável após uma doença terminal dolorosa
– uma morte boa honra toda uma vida (EPICTETO).
Com o advento do cristianismo a vida foi considerada um dom de Deus e o
suicídio passou a ser considerado como uma infracção ao Quinto Mandamento (não
matarás). Após o Renascimento a eutanásia voltou a ser defendida bastando lembrar
Lutero, Thomas Moore, Locke, Hume.
Em 1931, MILLIARD apresentou à Câmara dos Lordes um
projecto de lei sobre eutanásia voluntária que foi
rejeitado em l936.
Simultaneamente foram criadas em muitos países associações a favor da
eutanásia. Como consequência desta permissividade em relação à eutanásia,
surgiu na Alemanha nazi a eutanásia eugénica, ou seja a eliminação das vidas sem valor, isto é, das pessoas física ou mentalmente discapacitadas,
prática que se continuou no holocausto. Embora estas práticas sejam pura e
simplesmente assassinatos hediondos, nasceram da eutanásia e tiveram como
consequência não ter sido inscrito na Carta das Nações Unidas o direito à
eutanásia.
Algumas considerações sobre a eutanásia
1. Para as religiões
judeo-cristãs o homem não pode em
nenhuma razão dispor da sua vida porque esta
é um dom de Deus e portanto inviolável. O homem deve aceitar a sua morte, preparar-se para ela,
procurando viver uma morte digna, mas nunca acabar com a vida.
2. Dar ao médico o direito de dar a morte a alguém
mesmo aparentemente por uma razão humana e compreensível, representa para
muitos médicos a atribuição de uma função desmesurada. O médico não criou a
vida mas tem por missão mantê-la. A morte tem uma dimensão metafísica que
ultrapassa largamente a sua missão. Não se pode considerar a morte como uma
doença agravada, uma doença que correu mal, mas temos que a considerar uma realidade totalmente
diferente.
3.
Temos ainda que considerar:
ü Pode ter havido um erro de prognóstico,
considerando erradamente a morte muito próxima.
ü Os doentes no seu desespero mudam frequentemente
de opinião.
4. As Ordens dos Médicos têm tomado sempre uma posição crítica contra a eutanásia, mesmo
a holandesa que criticando a eutanásia, respeita a consciência do médico: Legalmente,
a eutanásia deveria continuar a ser delito, mas se um médico após ter
considerado todos os aspectos do caso, encurta a vida de um doente incurável
que enfrenta a morte, o tribunal deverá julgar se haveria um conflito de
deveres que pudesse justificar a actuação de dito médico.
5. O provocar a morte não dá dignidade à morte. O
que poderá dar dignidade será
proporcionar ao doente a melhor qualidade de vida possível e rodeá-lo de
compreensão, amizade e apoio espiritual. Se o doente for crente este deverá
considerar que a morte mais que o fim da vida é o inicio de uma nova vida.
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